Discussões familiares

redação Universo Familia

Como afetam as crianças?

Quando os desacordos se transformam em discussões entre o casal, infelizmente é comum que estas acabem por decorrer na presença dos filhos. Os desacordos e os conflitos são muito comuns nas famílias. Não tem no entanto que resultar em discussões agressivas, verbal ou mesmo fisicamente. Os conflitos são momentos importantes de crescimento e evolução, desde que os intervenientes saibam geri-los adequadamente, e não entrem numa escalada que não conduz a nenhuma solução.

Em escalada

Quando os desacordos se transformam em discussões entre o casal, infelizmente é comum que estas acabem por decorrer na presença dos filhos. Há uma considerável lista de fatores que contribuem para as dificuldades conjugais.


Dificuldades financeiras, diferenças de educação, formação profissional, estilo de vida e objectivos (ambição, posição social), problemas sexuais, infidelidade, beleza física, idade, nascimento e educação dos filhos, questões relacionadas com a personalidade e problemas psicológicos, diferenças de valores e de fé, etc. É importante perceber que ver os pais discutir é uma situação bastante difícil para uma criança. Muitas vezes sente-se responsável pela discórdia, e o medo de uma possível separação está sempre presente.

O bem-estar da criança sempre primeiro

É fundamental que, tal como em muitas outras situações, os pais consigam ter esta consciência e colocar os interesses e o bem-estar da criança à frente dos seus problemas ou dificuldades. Muitas das discussões são evitáveis e, se não o forem, poderão ser tidas em outro momento e local, em que a criança não esteja presente. Para os pais conduzirem uma boa educação da criança, o mais importante será a compreensão mútua e a capacidade de entendimento e de chegar a acordo relativamente às questões da educação do(a) filho(a), para que as discussões possam ser evitadas ao máximo. Cada um dos pais terá a sua própria maneira de enfrentar as situações.

Essa forma individual de lidar com as questões está relacionada com a história pessoal, com as experiências anteriores, com a ideia que cada um tem de si mesmo e do mundo e, obviamente, com o modelo familiar em que cada um cresceu. A questão é que nem sempre os modelos de ambos são coincidentes. Quando tal acontece, é necessário conciliar ideias, atitudes, sentimentos. Quando se trata de tomar decisões relativas à criança, o que deve prevalecer é o diálogo sobre o que fazer e o acordo sobre as condutas a seguir.

As condutas

Quando, mesmo assim, as discussões ocorrem e as crianças percebem, é essencial que os pais procurem explicar à criança, serenamente e de modo a evitar que ele tome o partido de um dos pais, o motivo da discussão e que não tem a ver com ela. É importante ter em conta que um ambiente familiar de discussões, agressão, hostilidade e tensão é captado pela criança mesmo que esta tensão seja silenciosa, e é algo que não consegue entender. A tendência para querer que a criança tome um partido também pode existir, mas essencial que nenhum dos pais a encoraje a decidir qual dos dois tem razão. A longo prazo, os pais que permitem que os filhos os usem desta forma vão ter grandes dificuldades em exercer a sua autoridade.

A instabilidade

As crianças que assistem frequentemente a discussões familiares aprendem a isolar-se e acabam por se habituar à instabilidade. Muitas vezes, usam as divergências paternas em seu favor, o que só acontece porque ainda não possuem capacidade de elaboração do seu próprio sofrimento, sendo essa a maneira mais direta de o evitar. Tornam-se manipuladoras e ganham ferramentas semelhantes para resolverem os seus próprios conflitos. Assim, é essencial que os pais evitem envolver os seus filhos nos seus problemas.

Um homem e uma mulher que decidem viver juntos e construir uma família embarcam num projecto de vida comum. Quando decidem ter um filho, embarcam num outro projeto, que é interdependente do primeiro: o de fazer nascer outra vida, que vai depender deles durante muito tempo. Construir uma família feliz e saudável, em todos os aspectos, implica ter consciência do esforço e das mudanças constantes que são necessárias. É muito importante que o casal fortaleça o vínculo que os une, o que não se reflete na quantidade de tempo que passam juntos, mas sim na sintonia com que vivem cada momento, e na forma como transmitem essa sintonia à criança.
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