Quando a esquizofrenia surge na adolescência

redação Universo Familia

Tipicamente é ao longo da adolescência ou início da fase adulta, que os primeiros sintomas aparecem, sendo que nos rapazes a doença tende a manifestar-se mais cedo. A adolescência é, ela própria, uma fase de profundas alterações em que os jovens oscilam de humor com muita frequência e podem ter comportamentos e atitudes fora do comum.

A mudança de escola, a escolha da carreira ,ou o ingresso na Universidade com a subjacente carga de ansiedade, são fatores que podem sobrepor-se à doença. Este cenário levanta o perigo de se confundirem os sintomas da esquizofrenia com uma crise de crescimento.

Há que fazer também a distinção entre um adolescente esquizofrénico e outro, que sendo igualmente perturbado, não chega a ter uma carga tão forte em termos de psicopatologia.

Em regra, quando não há um quadro de esquizofrenia, os temas rondam em torno das preocupações comuns dos seus pares: corpo, o namoros, autonomia das figuras parentais e sexualidade.

Embora a angústia esteja presente, o fato é que não invade totalmente a vida do jovem e permite que alguns campos funcionem isto é, por exemplo, que hajam relações de amizade.


Atenção ao isolamento!

É natural que o adolescente um dia esteja feliz e no outro se apresente pensativo, chegando a passar longas horas fechado no quarto. A situação passa a ter alguma gravidade quando se torna frequente.

O fato do esquizofrénico não ter amigos, não se deve a uma questão de timidez, mas sim a uma desconfiança quanto às reais intenções dos que o rodeiam. Acredita que pode ser prejudicado direta ou indiretamente por todos, desconfiança que se vai estendendo a outros campos.

A preocupação com o corpo é constante, mas a angústia não se deve a uma borbulha mais inconveniente e inestética, mas sim à convicção de que alguém lhe coloca coisas na comida que o envenenam progressivamente e que, por isso mesmo, o seu corpo apresenta mudanças.

Este distanciamento em relação à realidade leva a que o jovem viva centrado em si mesmo e em permanente alerta em relação ao exterior. Em consequência, deixa de se preocupar com a sua aparência física ou mesmo com a higiene.

Fazer com que um adolescente saudável tome banho é uma tarefa fácil, quando comparada com o que é fomentar a higiene de um doente com esquizofrenia.

De quem é a culpa? Inconscientes do peso que criam, os pais tendem a dar exageradas responsabilidades aos seus filhos. Muitas vezes é sempre normal ouvimos dizer, “Toma conta de seu irmão, por que você é mais velho”. Será que ser o mais velho chega para tomar conta de outro? Não chega efetivamente, normalmente a diferença de idade entre os filhos é pequena e o mais velho não tem maturidade para assumir tamanha responsabilidade.

Quando falamos em assumir, é uma questão retórica, até porque ninguém lhe perguntou se ele queria tomar conta do irmão, e mesmo que tivessem perguntado, como podemos delegar este tipo de responsabilidade numa criança a quem não reconhecemos sequer maturidade para escolher os ingredientes da sopa? Devemos as vezes responsabilizar nossos filhos, mas apenas tarefas seguras para todos, ou pelo menos de risco reduzido e controlado.

A partilha da responsabilidade é fundamental numa família mas é importante que os pais percebam que a responsabilidade primeira é sua, e se a responsabilidade que foi passada a criança for mal, o erro de avaliação também e seu. Para potenciar o desenvolvimento das nossas crianças devemos leva-los a sentir alguma responsabilidade e que terá de se iniciar com questões simples como manter os livros arrumados ou garantir que não existem espalhados pelo chão objectos que provoquem quedas ou se possam partir. Quando estas responsabilidades estiverem adquiridas, podemos passar para a alimentação de animais, só depois, muito depois, poderá ter responsabilidade de tomar conta de outra criança.
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