''Só quero o Papai'', O Que fazer?

do Universo Família

Entre os dois e os cinco anos, as crianças desenvolvem fortes sentimentos de afeto, quase adoração, pelo pai no caso das meninas e pela mãe no caso dos meninos.

Durante esta etapa - denominada como etapa Edipiana - de um modo inconsciente, é natural que o menino queira usurpar o lugar do pai junto à sua mãe e a menina o lugar da mãe junto ao seu pai.

Todas as crianças atravessam esta etapa com mais ou menos intensidade e sem traumas, desde que os progenitores não alimentem estes sentimentos e tenham a família bem estruturada com papéis bem definidos. Para entender as crianças é necessário que os pais percebam o momento em que estão a atravessar esta etapa.

Os pais devem estar preparados para que a criança comece a ter momentos de ternura excessiva pelo pai ou mãe e pronuncie frases como:"Mamãe, Você é minha namorada", "Quando crescer quero casar com você", "Te amo muito", "Vamos sair só os dois", "Porque não fica aqui para dormir comigo? O papai não tem medo" ou "Papai, ajuda você se vestir", "Papai, leva à escola", "Só gosto de você, a mamãe é feia".....

As aproximações físicas

Para além das demonstrações verbais, as crianças podem também apresentar outras manifestações que, muitas vezes, desorientam os pais.

As meninas demonstram todo o seu encanto e enlevo pelo seu pai, e tendem a apoiá-lo em tudo. Com o seu afeto, beijos, abraços tentam fisicamente estar sempre próximas.

Quanto aos meninos, tentam prender a atenção materna com as mais diversas habilidades. Defendem a mãe em qualquer confronto familiar e podem mesmo apresentar uma certa agressividade.

Durante esta etapa, é natural que as crianças - menino ou menina - quando vêem os pais juntos, como por exemplo, sentados a ver televisão da sala, tentem sentar no meio deles. Pode também acontecer, fazerem algumas tentativas para dormir na cama dos pais, para estarem junto do elemento que é durante esta etapa objeto de toda a sua atenção.

Compreensão e carinho

Para ultrapassar de forma saudável esta fase é necessário que os pais estejam conscientes do seu papel como pais e não entendam o amor exagerado dos seus filhos como um amor natural.

Desta forma, deverão prevenir algumas situações, de modo a não criarem equívocos que podem vir a originar confusões no imaginário das crianças.

O casal deve se manter unido e evitar qualquer tipo de discussão à frente das crianças.

Deve tomar as decisões no que respeita a permitir ou negar algo, sempre em conjunto.
Deve transmitir as suas decisões à criança sempre em conjunto.
Deve evitar ficar a dormir no quarto da criança, mesmo que ela diga que tem medo ou esteja doente.

Conflitos familiares

No caso de conflitos regulares entre o casal, os pais devem evitar os desabafos e confidências com as crianças, essa atitude pode afetar, no futuro, o seu comportamento e personalidade.

Muitas vezes, os pais fazem dos filhos pequenos confidentes, e depois de uma briga, são capazes de dizer:"É impossível viver com o teu pai/mãe!", "Estou farta de o/ a aturar!", "Qualquer dia saio de casa!", "Se fosse só nós seriamos felizes!", "Vou te falar um segredo. Não diga nada ao seu pai!"...

Este tipo de desabafos/confidências são despropositados e a criança pode entendê como resposta ao seu amor. Ela quer, agora, o pai/mãe em exclusivo para si e pode começar a odiar o outro.

Se por motivo de trabalho, doença ou até de separação, um dos pais estiver ausente, o pai presente não deve tomar atitudes que demonstrem ao filho que passou a ser “o homem da casa” ou que a filha tomou o lugar da mãe.

Por isso, não devem permitir que, na ausência do pai, a criança tome o seu lugar na cama do casal - um hábito muito comum entre as mães - ou que tome o seu lugar na mesa ou no sofá. Não devem permitir também que a criança os trate com exclusiva devoção.

A criança terá de gradualmente saber o seu lugar na família só assim ultrapassará a fase Edipiana e o seu desenvolvimento psicossexual terá um desenlace saudável.
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